A destruição do Vasco muito bem recompensada

Muita gente lucrou com a venda do Vasco. Menos o vascaíno, claro. Esta história, mais dia menos dia, virá à tona.

Porém, nem todo o pagamento é em espécie. Existem formas de corromper que são sutis e oferecem vantagens tão valiosas quanto ouro.

Por exemplo: uma poderosa empresa de Comunicação pode oferecer aos seus “parceiros” a proteção e a promoção da imagem.

A parte da proteção é particularmente importante. Em um país que cultivou o apreço pela atuação midiática das autoridades, tudo de errado que não sai na TV ou no jornal tem pouca chance de ser investigado por quem quer que seja. Assim, os protegidos pela benção midiática podem fraudar e corromper (inclusive o judiciário) com a quase certeza da total impunidade.

Um caso clássico parecido com o descrito acima acontece no Vasco. Como é historicamente demonstrado, a família Marinho, proprietária do Grupo Globo de Comunicação, fanaticamente rubro-negra, sempre atuou em busca do sonho de deslocar o Vasco da posição de protagonista número 1 do futebol no Rio de Janeiro e colocar lá neste posto seu time de coração.

Com a atual caterva que dirige o Vasco o Globo estabeleceu um claro compromisso em torno do projeto de eternizar um papel subalterno para o cruzmaltino.

Procurem nos veículos do Grupo Globo como foi a análise de redatores, repórteres e comentaristas sobre o maior desastre esportivo do Almirante em 120 anos, ocorrido no ano de 2021, quando o Gigante permaneceu na série B, entre outros vexames. Encontrará sempre o mesmo padrão, que seria impensável em casos semelhantes: o que acontecia era culpa de todos e de tudo, mas a diretoria era pura e santa.

A negociata que culminou com a indecente venda de 70% do futebol do Clube para um grupo estadunidense liderado por um ex-traficante encontrou no Grupo Globo zero de jornalismo e 100% de propaganda da falcatrua.

Mas o pagamento da proteção e da blindagem continua. Para deleite dos inimigos, a vergonha dos vascaínos parece ser infinita e isso para o Grupo Globo não tem preço.

O início de ano não tem sido promissor. Eliminação da Copinha, estreia no Carioca empatando com o Madureira em São Januário e vexame na partida contra o River Plate.

Em tempos normais, existiriam artigos ou colunas nos jornais apontando a barbeiragem da SAF na Copinha, ao retirar quatro jogadores do time (até então com 100% de aproveitamento) às vésperas do início do mata-mata. Haveria questionamentos sobre as reais qualidades dos reforços. Reportagens destacariam o completo abandono em que se encontra São Januário e tentaria descobrir as causas para tal desleixo. Nada disso. Ao contrário.

Nesta quinta-feira (19), o ge.globo.com faz um registro importante na página do site dedicada ao Vasco: a volta do time ao Estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, onde o fotógrafo Ronaldo Theobald tirou a foto intitulada “Deus de calção e chuteira”, ganhadora do prêmio Esso de 1977. Esta foi a (maravilhosa) foto de Theobald:

Mas a chamada de capa do GE inverteu a lógica jornalística. Com o pretexto de mostrar Dinamite cumprimentado Theobald em uma cerimônia na Sede Náutica da Lagoa, colocou como destaque principal esta foto:

“Mas a foto que deveria estar aí não seria a foto tema da matéria?”, pergunta o arguto vascaíno.

Respondo: Sim, lógico. O leitor nem sabe que o senhor que cumprimenta o Dinamite é o fotógrafo, cujo rosto, de resto, é quase todo coberto pelo texto da chamada. Esta informação (de que o senhor cumprimentando o Dinamite é o fotógrafo), foi publicada apenas na parte interna, o que deveria ter sido feito, é óbvio, junto com a foto, enquanto a foto tema da matéria seria o destaque principal.

Mas neste caso não apareceriam em destaque, sorridentes e em um contexto positivo, dois dos principais responsáveis pelo maior desastre esportivo da história do Vasco e pela venda do futebol do Clube: Salgado e Osório.

E a todas essas, segue o neo-vascaíno* babando no teclado.

* Nova espécie de suposto vascaíno, na verdade um nutella, torcedor da 777, que acredita que O Globo quer o bem do Clube.

Texto de Wevergton Brito Lima

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