A vitória do sr. Pedro Paulo, a derrota do Pedrinho e o saldo final

Fazer análises “a quente”, ou seja, no calor dos acontecimentos, é sempre arriscado. Mas vamos lá: a vitória da gestão Pedro Paulo na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada nesta sexta-feira (23) para deliberar sobre a criação ou não da Sociedade de Propósito Específico é incontestável. Dos 3.059 votos, a diretoria e seus apoiadores conseguiram 2.315 votos (75,67%) para o “SIM”. O “NÃO” obteve 670 votos e a abstenção 74, de acordo com a mundialmente conhecida gigante da informática Eleja Online, responsável faz tempo pela organização e apuração das eleições vascaínas online: “contrate uma eleição segura e assegure-se do resultado”, dizem que é um dos motes dessa próspera empresa.

Bom, sigamos. O voto de abstenção, embora com simbolismo político diferente, para efeitos práticos significa um “não”, já que a abstenção não contribui para o quórum mínimo favorável necessário à aprovação da proposta. Dessa forma, a rejeição à proposta da diretoria foi de 744 votos (24,32%).

Porém, se o triunfo do senhor Pedro Paulo é incontestável, o seu significado político comporta diferentes leituras. Lembremos, como nos ensina a história do rei Pirro de Épiro, que certas vitórias podem ser a antessala de uma derrota estratégica.

Devemos levar em consideração, em primeiro lugar, que o tema Reforma e Ampliação de São Januário é literalmente um consenso entre todos os sócios e correntes políticas  do Vasco. Em segundo lugar, a votação da AGE é feita de forma online (organizada, como já mencionamos, pela briosa Eleja Online – “Quem contrata nunca perde”), sem biometria ou auditoria independente, e o presidente da Assembleia Geral, que conduz o pleito, o senhor Alan Belaciano – um ex-juiz que largou a magistratura por motivos que são por mim desconhecidos, mas que certamente serão nobres – é um ferrenho correligionário do senhor Pedro Paulo.

Com tudo isso: com o vento, campo e juiz a favor, Pedro Paulo et caterva conduziram (e conduzem) o assunto da reforma de São Januário de forma tão incompetente, tão nebulosa, promovendo tantas manobras espúrias, que simplesmente 48,29% do quadro eleitoral apto, mesmo podendo votar na comodidade do seu lar, simplesmente abriu mão desse direito.

Soma-se a esse percentual os que votaram Não ou Abstenção, e vemos que 60,86% do quadro social ou rejeitou explicitamente a proposta ou não considerou que seria eficaz e/ou importante a sua manifestação através do voto.

Menos de dois anos atrás, na Assembleia Geral que elegeu Pedro Paulo presidente do Vasco, 84% dos eleitores aptos votaram, uma queda de mais de 32% no comparecimento. Pedro Paulo, na ocasião, obteve 3.372 votos, ou seja, 1.057 votos a menos do que conquistou na AGE desta sexta-feira, uma queda de mais de 31%.

Pedro Paulo saiu desta AGE como Pedrinho, menor do que entrou. Entretanto, no saldo final, o grande perdedor é o Vasco da Gama.

Digam o que quiserem os abertamente canalhas da situação ou os eternamente “iludidos” em sua boa fé: deu-se carta branca para uma turma conhecida pela incompetência e desídia demolir nosso mais importante patrimônio sem NENHUMA garantia de que haverá outra coisa no lugar, pelo contrário, tudo indica a iminência de mais um desastre histórico.

Parabéns aos vencedores da AGE de 23/05/2025. Fico orgulhoso de não estar ao lado de vocês.

Wevergton Brito, jornalista, sócio proprietário remido do Vasco

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